O CANDOMBLÉ
O Candomblé é uma religião de origem africana, com seus rituais e (em algumas
casas) sacrifícios; através dos rituais é que se cultuam os Orixás. O Candomblé
é dividido em nações, que vieram para o Brasil na época da escravidão.
São duas nações com suas respectivas ramificações: Nação Sudanesa: Ijexá,
Ketu, Gêge, Mina-gêge, Fom e Nagô Nação Bantu: Congo, Angola-congo, Angola.
Desde muito cedo, ainda no século XVI, constata-se na Bahia a presença de negros
bantu, que deixaram a sua influência no vocabulário brasileiro (acarajé, caruru,
amalá, etc.). Em seguida verifica-se a chegada de numeroso contingente de
africanos, provenientes de regiões habitadas pelos daomeanos (gêges) e pelos
iorubás (nagôs), cujos rituais de adoração aos deuses parecem ter servido de
modelo às etnias já instaladas na Bahia. Os navios negreiros transportaram
através do Atlântico, durante mais de 350 anos, não apenas mão-de-obra destinada
aos trabalhos de mineiração, dos canaviais e plantações de fumo, como também sua
personalidade, sua maneira de ser e suas crenças. As convicções religiosas dos
escravos eram entretanto, colocadas às duras penas quando aqui chegavam, onde
eram batizados obrigatoriamente “para salvação de sus almas” e deviam curvar-se
às doutrinas religiosas de seus “donos”.
Primeiros Terreiros de Candomblé
A instituição de confrarias religiosas, sob a ordem da Igreja Católica,
separava as etnias africanas. Os negros de Angola formavam a Venerável Ordem
Terceira do Carmo, fundada na igreja de Nossa Senhora do Rosário do Pelourinho.
Os daomeanos reuniam-se sob a devoção de Nosso Senhor Bom Jesus das Necessidades
e Redenção dos Homens Pretos, na Capela do Corpo Santo, na Cidade Baixa. Os
nagôs, cuja maioria pertencia a nação Ketu, formavam duas irmandades: uma de
mulheres, a de Nossa Senhora da Boa Morte, outra reservada aos homens, a de
Nosso Senhor dos Martírios. Através dessas irmandades (ou confrarias), os
escravos ainda que de nações diferentes, podiam praticar juntos novamente, em
locais situados fora das igrejas, o culto aos Orixás. Várias mulheres enérgicas
e voluntariosas, originárias de Ketu, antigas escravas libertas, pertencentes à
Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte da Igreja da Barroquinha, teriam tomado
a iniciativa de criar um terreiro de candomblé chamado Iyá Omi Asé Airá Intilé,
numa casa situada na ladeira do Berquo, hoje visconde de itaparica. As versões
sobre o assunto são controversas, assim como o nome das fundadoras: Iyalussô
Danadana e Iyanasso Akalá segundo uns e Iyanassô Oká, segundo outros. O terreiro
situado, quando de sua fundação, por trás da Barroquinha, instalou-se sob o nome
de Ilê Iyanassô na Avenida Vasco da Gama, onde ainda hoje se encontra, sendo
familiarmente chamado de Casa Branca de Engenho Velho, e no qual Marcelina da
Silva (não se sabe se é filha carnal ou espiritual de Iyanassô) tornou-se a
mãe-de-santo após a morte de Iyanassô. O primeiro “toque” deste candomblé foi
realizado num dia de Corpus Christi e o Orixá reverenciado foi Oxossi.
A IMPORTÂNCIA DOS MITOS NO CANDOMBLÉ
O culto dos orixás remonta de muitos séculos, talvez sendo um dos mais
antigos cultos religiosos de toda história da humanidade. O objetivo principal
deste culto é o equilíbrio entre o ser humano e a divindade aí chamada de orixá.
A religião de orixá tem por base ensinamentos que são passados de geração a
geração de forma oral. Basicamente este culto está assim organizado:
1º Olorun - Senhor Supremo ou Deus Todo Poderoso
2º Olodumare - Senhor do Destino
3º Orunmilá - Divindade da Sabedoria (Senhor do Oráculo de Ifá)
4º Orixá - Divindade de Comunicação entre Olodumare e os homens, também
chamado de elegun, onde a palavra elegun quer dizer "aquele que pode ser
possuído pelo Orixá"
5º Egungun - Espíritos dos Ancestrais
Os mitos são muito importantes no culto dos orixás, pois é através deles que
encontramos explicações plausíveis para determinados ritos. Sem estas estórias,
lendas ou ìtan seria difícil ter respostas a sérios enigmas, como o envolvimento
entre a vida do ser humano e do próprio orixá.
A IMPORTÂNCIA DAS PINTURAS
Três elementos são utilizados nas casas de Candomblé, para diversas
finalidades e são essenciais pela ação de proteção que exercem: Osun, Efun e
Waji. Osun e Waji são elementos vegetais e Efun é mineral. Todos são
transformados em pó para preparar pintura, principalmente, a pintura do ori de
iyawos, ou seja, das pessoas que se iniciam no Candomblé. Osun, Efun e Waji
servem aí para proteção da cabeça do iyawo, contra os efeitos negativos das ajé
da sociedade das iyami. Isso porque, os pássaros enviados pelas ajé costumam
pousar com as asas abertas sobre as cabeças das pessoas. Quando isso acontece,
todo o mal fica nessas pessoas. Daí o procedimento de se pintar o iyawo. Outra
forma de se proteger das yamin é passar a mão constantemente pela cabeça, no
intuito de impedir o pouso dos pássaros maus e que são denominados de eleye.
Portanto, vale ressaltar a importância da pintura de iyawo com esses elementos
Osun, Efun e Waji, pois os mesmos neutralizam a cólera das yamins.
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